Tudo o que conhecemos até aqui é de que na época que os Imigrantes italianos vieram para o Brasil, as condições na Itália eram de extrema dificuldades econômicas.
Mais percaria ainda eram as condições em que se submeteram nos primeiros meses e anos aqui no Brasil.
Como já escrevi em outro post, os imigrantes chegavam normalmente no porto do Rio de janeiro, onde ficavam em quarentena na hospedaria do imigrante.
Após este período, o Governo do Império Brasileiro bancava as passagens de navio em um novo trajeto até o porto de Porto Alegre. Da capital gaúcha, os imigrantes seguiam em pequenos vapores pelo Rio Jacuí até o porto de São João de Montenegro. A partir daqui, tinham talvez a parte mais desgastante da longínqua viagem: 78 kilometros no lombo de mulas.
Em 1878, quando a família de LORENZO BERTOLIN chegou ao porto de São João de Montenegro, não haviam estradas até a colonia DONA ISABEL, hoje município de Bento Gonçalves-RS. Percorrer os 78 kilometros no lombo de Mulas tornava-se uma viagem que chegava a durar até 12 dias. Imaginem o desafio: Mulheres, Crianças, dias a fio mata a dentro subindo em direção a terra que tinham depositado todas as suas esperanças. Segundo relatos de representantes do consultado Italiano da época, não era raro encontrar mulas mortas pelo caminho.
A família BERTOLIN, era composta, além do casal LORENZO e MARIA MAGDALENA MORESCO, pelos filhos MARIA DE 18 ANOS, STELLA DE 16, ORAZIO GIUSEPPE de 14, LUIGIA 12, VICTÓRIA DE 09 e ALEXANDRE com 07 anos de idade.
A Chegada na Colonia DONA ISABEL, também não significava algum alivio. Na primavera de 1878, a Colonia DONA ISABEL estava em formação. Enquanto os Imigrantes Italianos aguardavam a designação do Lote de terras que iriam ocupar, montavam tendas com lençóis para se proteger. Por isso, o acampamento da Colonia foi chamado por algum tempo de "Cidade Branca".
A Colonia DONA ISABEL foi fundada em 1870, pelo governo da província do Rio Grande do Sul, mas só em 1875, O Governo Imperial assumiu e deu-se então o processo de Imigração. Em 1878, quando a família BERTOLIN chegou as condições eram ainda muito precárias.
Sem recursos e sem estradas para escoar a produção, os colonos italianos não tiveram vida fácil aqui na américa.
Quando mergulhamos nestas histórias, podemos compreender que trata-se de um povo forte, corajoso, determinado. A Imigração Italiana no Rio Grande do Sul foi submetida a um cruel plano de ocupação do Brasil e de branqueamento da população.
O que receberam quando aqui chegaram: algumas poucas ferramentas, Um machado, Uma pá, uma enchada.... e um lote de terra que deveria ser pago em alguns anos.
LORENZO BERTOLIN recebeu em 1878 o lote número 54 na estrada geral da Colonia Dona Isabel. Só recebeu o título definitivo em 1894.
Imagino que o único alento que tinham era a solidariedade entre eles, os imigrantes. Aliás esta era uma curiosidade minha, a família veio sozinha, tinham amigos de empreitada, a final o que lhes encorajava a enfrentar esta mudança radical.
Cruzando os sobrenomes das famílias que estavam no navio ISABELA que trouxe a família de LORENZO BERTOLIN e MARIA MAGDALENA e lendo as relações dos possuidores de lotes na Colonia DONA ISABEL, descobrimos, por exemplo, que a família de BORTOLO TONIOLO, também originário da cidade de MAROSTICA, VICENZA, estava junto nesta viagem e seguiram os mesmos passos na colonização. A família TONIOLO ocupou o lote número 06, na linha Eulalia da colonia DONA ISABEL.
ARCANGELO BRUGNERA, com sua esposa e filhos também estavam juntos e ocuparam o lote número 22 leste na Estrada Geral.
Eram amigos? Dividiram as mesmas dificuldades? não sabemos. Mas com certeza compartilharam as esperanças de construir dias melhores para seus descendentes.